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Estratégia Parlamentar

Campanha eleitoral e o fim da era dos supermarqueteiros


Mudança na comunicação e marketing político e o fim da era do supermarqueteiro

Já faz um tempo que tenho observado um movimento silencioso acontecer tanto na comunicação e marketing político quanto nas campanhas eleitorais, e chegou a hora de te convidar a refletir sobre isso.


Estou falando da figura do “supermarqueteiro”, aquele profissional que, com uma grande sacada criativa, prometia transformar o destino de uma campanha eleitoral - e muitas vezes transformava.


Basta lembrar da campanha “Xô corrupção” na propaganda partidária do PT, que foi veiculada em 2002, alguns meses antes da campanha eleitoral: ratos roíam a bandeira do Brasil e, ao final, podia-se ouvir um locutor dizendo: “Ou a gente acaba com eles, ou eles acabam com o Brasil. Xô, corrupção.”


A campanha foi idealizada por Duda Mendonça, um grande marqueteiro em quem me inspirei no início da minha carreira e que, para mim, foi um dos maiores profissionais de marketing político do país.


Agora, passados 22 anos, vejo que a era dos supermarqueteiros da política chegou ao fim.


Isso se deve a uma transformação fundamental na forma como a comunicação se desenrola no âmbito político, tanto no ambiente digital quanto fora dele.


Antigamente, era comum acreditar que um marqueteiro com ideias brilhantes e estratégias disruptivas poderia, quase como em um passe de mágica, alterar todo o curso de uma campanha.

No entanto, esse modelo já não se sustenta na realidade que vivemos.


O público mudou, assim como a maneira como as pessoas interagem e querem interação com os políticos. Hoje, a comunicação precisa ser mais constante, autêntica e multidimensional, ou seja, precisa ser acompanhada e cultivada para que todas as nuances possam ser compreendidas.


Assim, quando se chega a uma campanha, existe conhecimento suficiente para saber o que funciona e o que não funciona para o candidato no seu contexto específico, ou seja, qual o conteúdo certo, a imagem certa e o formato certo para que a mensagem realmente tenha impacto no eleitor.


Fórmulas prontas não funcionam mais.


E para que isso aconteça, para que uma campanha eleitoral seja bem-sucedida na atualidade, ela precisa ser construída sobre três pilares fundamentais: bons assessores, coordenadores competentes e um grupo político coeso, que apoie e direcione a comunicação.


A tríade de sucesso da comunicação em uma Campanha Eleitoral

Esses grupos, trabalhando em conjunto, são capazes de criar uma estratégia de comunicação eficaz, capaz de engajar o eleitorado de maneira significativa.


É claro, todas essas pessoas precisam ter conhecimento e domínio do que fazem, e esse deve ser o foco de todo o trabalho de comunicação, coordenação e decisões políticas.


Por isso é preciso que se contrate bons profissionais, com real conhecimento da coisa, e não somente amigos, indicações ou arranjos feitos por razões pessoais que podem, lá na frente, comprometer todo o projeto político.


Bons assessores, bons coordenadores e um grupo político com experiência são imbatíveis quando se trata de marketing e comunicação política.

É um erro pensar que um supermarqueteiro vai virar o jogo quando nada foi feito antes. Isso tem sido cada vez mais raro, basta ver o que ocorreu com João Santana em 2022. O próprio afirmou para a Folha de São Paulo: “Eu e Ciro amargamos a nossa maior derrota”.


E olha que estamos falando de João Santana, que com Duda Mendonça e Chico Santa Rita, formam, para mim, a tríade dos supermarqueteiros políticos da nossa história.


Mas as coisas mudaram, e mudaram bastante, e hoje um dos grandes desafios enfrentados nas campanhas modernas é quando marqueteiros, sem uma compreensão profunda da realidade da equipe e do contexto político, tentam implementar estratégias que, na prática, são inviáveis ou até mesmo inexequíveis.


O que acontece é que o supermarqueteiro chega e começa a dar direcionamentos que, em sua cabeça, resolvem o problema, sem considerar o contexto, a equipe e o que é realmente possível, dentro da execução - o que acaba levando a um descompasso entre o planejamento e a execução, comprometendo a eficácia da campanha.


O que quero dizer é que, muitas vezes, a equipe é boa, mas falta uma boa coordenação e direcionamento de ações para que a coisa toda aconteça. Sem essa coisa de marqueteiro que resolve tudo.


O Caderno do Candidato é um guia prático essencial para o ano eleitoral, projetado para aumentar a eficiência e o profissionalismo de sua campanha mês a mês, pois, você saberá o que fazer, quando fazer, como fazer e quem deve fazer.

Estamos falando do feijão com arroz bem feitinho, sendo realizado pela equipe que está ao lado do político há muito tempo e que só precisa de um bom direcionamento para fluir.


Para mim, essa é a grande sacada: políticos entenderem que quem pode trazer resultados são seus assessores, uma boa coordenação e um grupo político que entenda tanto do contexto quanto dos objetivos e da própria comunicação, para que todos possam falar a mesma língua.


Mas e os consultores, onde ficam nessa história? Os consultores terão que cada vez mais assumir o seu papel consultivo, de fato, e integrar habilidades de coordenação para direcionar e fazer a equipe do político render e entregar bons resultados.


Para mim, chegou a era dos assessores, os bons, aqueles que sabem o que fazem e se sentem seguros em fazer.

Chegou a era dos bons coordenadores, que direcionam ações, estabelecem uma rotina e conferem o que foi feito e o que ainda precisa ser executado. Aquele que verifica toda a engrenagem e determina o ritmo certo na hora certa para que cada coisa aconteça no momento em que tem que acontecer.


É claro que, para tudo isso acontecer, o político tem que querer que aconteça e também precisa querer ser parte fundamental da máquina. Precisa colaborar, criar conteúdo, confiar na equipe e, acima de tudo, reconhecer essa mudança de paradigma, ou seja, entender que o sucesso de uma campanha não depende mais de um único indivíduo, por mais talentoso que seja, mas sim de uma equipe unida, bem orientada e estrategicamente alinhada.


O poder agora está nas mãos dessa equipe coletiva, onde cada pessoa contribui com suas habilidades e conhecimentos para alcançar um objetivo comum.


E se você duvida, observe o que aconteceu nas eleições de 2022, ou pague o preço para ver isso, na prática, agora em 2024.


Chegou a hora de deixar para trás o que já está se tornando obsoleto, deixar para trás o "canto da sereia" dos supermarqueteiros e abraçar uma abordagem mais colaborativa e integrada. Uma campanha eleitoral vencedora no mundo de hoje é construída com base nesse pensamento.


Chegou a hora dos assessores, coordenadores e da experiência do grupo político, todos integrados para trazer aquilo que, no fundo, todo mundo busca: A VITÓRIA.


Um abraço e até breve!


Gisele Meter


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