TikTok, Reels e a nova linguagem da comunicação política

Por muito tempo, a comunicação política se apoiou nos mesmos formatos: discursos, entrevistas formais e postagens institucionais. 

Mas a nova ascensão do TikTok e dos Reels do Instagram virou esse jogo. 

Com vídeos curtos, linguagem ágil e algoritmos que entregam conteúdo a partir do interesse do usuário — e não da popularidade do perfil —, essas plataformas se tornaram vitrines democráticas onde qualquer político ou assessoria pode alcançar milhares de visualizações com um bom conteúdo. 

E tudo começa por um conceito simples, mas poderoso: a For You Page (FYP) no TikTok e a aba Explorar ou a timeline dos Reels no Instagram.

Esses espaços são os feeds de descoberta. Quando o usuário abre o aplicativo, é ali que os vídeos aparecem. E o interessante é que essa seleção não depende de quem a pessoa segue, mas de como ela interage. 

Curtidas, tempo de visualização, comentários, compartilhamentos — tudo é analisado para que o conteúdo certo encontre a pessoa certa.

Para assessores políticos, isso muda tudo: você não precisa ser famoso para alcançar. Você precisa ser relevante.

O segredo está na estrutura. Criar vídeos curtos, com ganchos fortes nos primeiros segundos, somados a uma linguagem acessível e visualmente atrativa, é o que mais tem funcionado. 

Políticos que contam histórias, mostram bastidores, reagem a comentários, explicam pautas com uma pitada de humor ou espontaneidade têm muito mais chances de engajar.

E não, isso não é perder a seriedade — é adaptar a linguagem para alcançar quem está nas redes.

Mas não basta só aparecer. É preciso reter. 

O algoritmo valoriza os vídeos que são assistidos até o final. Por isso, roteiros bem pensados, com começo, meio e fim, são tão importantes quanto o carisma ou o cenário. 

A gente não tá falando de produções caríssimas e sim de conteúdo bem pensado, que se conecta com a rotina, os valores e os sentimentos do público.

Outro ponto  é o uso de hashtags, trilhas sonoras em alta, efeitos nativos dos apps e, claro, atenção às tendências.

Isso não significa que o político precisa dançar, mas sim que é possível se apropriar de formatos que já estão circulando para adaptar ao seu contexto. 

Um desafio de perguntas pode virar uma série explicando projetos. Um áudio em alta pode abrir uma fala sobre direitos.

Tudo é questão de criatividade estratégica.

E aqui entra a importância de compreender que TikTok e Reels não são apenas canais de distribuição de conteúdo — eles moldam a forma como as pessoas consomem informação hoje. 

O sucesso nesses formatos exige ritmo, clareza, espontaneidade e uma certa criatividade. 

O formato quadrado, os cards estáticos e as legendas rebuscadas não funcionam mais sozinhos.

A grande força do TikTok e dos Reels é essa: a chance real de viralizar conteúdos com pouca estrutura, mas muita estratégia. 

O que define se o conteúdo vai ou não performar é a resposta que ele gera. 

Se a mensagem for clara e alinhada com os interesses da base, o crescimento vem.

Para assessores, isso exige uma mudança de mentalidade. 

É sair do lugar de apenas “alimentar o perfil” e começar a pensar em estratégias narrativas específicas para vídeos curtos. 

Não é sobre replicar o conteúdo do feed tradicional. É sobre criar uma presença viva e coerente com a dinâmica de cada plataforma.

A grande pergunta que fica é: o político já está nessa conversa? 

Porque, gostando ou não, TikTok e Reels já se consolidaram como espaços de influência, de escuta e, sim, de decisão. 

A comunicação política que deseja permanecer relevante não pode mais ignorar essa nova realidade. 

Se o digital é o novo palanque, esses vídeos curtos são o novo microfone. E quem aprender a falar essa língua agora, sai na frente.